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A mostrar mensagens de novembro 20, 2016

TRATADO DO CANTE - Almanaque:

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MINHA MÃE AMASSA O PÃO ‎Minha mãe amassa o pão, E porque é mãe e mulher, Guarda-o no coração Para meu pai quando vier. Minha mãe amassa um beijo Pra meu pai que vem depois, Eu viro a cara, não vejo - São coisas lá entre os dois. Minha mãe amassa a vida, E a vida cabe-lhe inteira Na farinha desmedida, No infinito da peneira. Minha mãe amassa as flores, As que no campo se dão- E há mil cheiros, mil sabores Numa fatia de pão. Minha mãe amassa e diz Pra dentro do coração, Que só pode ser feliz Quando os outros também são. Minha mãe amassa o medo: Pode adoecer meu pai! - Vai amassando em segredo, Até que o medo se vai. Minha mãe amassa, amassa Prá farinha sair pão - E põe, se a água lhe falta, Lágrimas do coração. Poema de António Simões , Natural de Beringel, e professor em Estremoz, in " Minha mãe amassa o pão" , Câmara Municipal de Beja, 2001.

TRATADO DO CANTE - Escrito:

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COMERES E CANTARES «Para mim, para sempre, ficam ligados os cantares e os comeres alentejanos.» Matilde Guimarães, 1944   "DURANTE SÉCULOS, como o faz notar Monarca Pinheiro (1999), o alentejano viveu de  «frustração sublimada em invenção. Com as migalhas que lhe couberam, soube inventar uma cultura de eleição, e esta é, talvez, a sua maior glória. Do pouco fez muito e bem». E entre esse muito e bem, nascido da alma deste povo, salienta-se a sua capacidade inventiva nos cozinhados, a que o autor se refere como «arte dos comeres», a par da «arte de musicar», internacionalmente reconhecida, em especial, através dos seus cantares. . Parafraseando Mário Rodrigues Correia, Director do Centro de Formação Profissional do Sector Alimentar, na apresentação de “A Cultura Gastronómica em Portugal – Alentejo” (1995), a cozinha alentejana, como cozinha tradicional que é, afigura-se como uma «serenata de aromas e sabores do passado que se prolonga pelo presente e que

TRATADO DO CANTE - Escrito:

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“(...) A solidão alentejana teve o seu antídoto na comunidade coral: é vê-los, cerrados numa determinação comunitária, que tem muito de sagrado (...) é a sacralização da vida pouca na muita terra alentejana, e das agonias que ela engendra (...) cantam para não ouvir o silêncio . A voz demoníaca do silêncio. E eu imagino ... não um ou outro grupo desgarrado, cantando como orgãos dispersos na nave da planura. Mas todos os grupos formando um único coral magnífico, o verbo alentejano finalmente incarnado.” Natália Correia