TRATADO DO CANTE - Almanaque:
MELLOS, BOCARROS, BRAVOS DE NEGREIROS... Ah, que não sei dizer a maravilha, Que embruxa Serpa, à noite, quando ronda Seus muros o Passado, e um coro em onda, Espuma e quebra, às Portas de Sevilha: Não há mais fina, pálida escumilha, Nem grave som, mais fundo, se arredonda... Cala-se o coro: espera que responda Um eco, pelo abóbada que brilha! Oh, que feliz eu fora, se ficasse, Por todo o Tempo, a ouvir a toada cava, Ébria de aromas da planície ardente: Feliz – cheia de lágrimas a face – Chorando sem saber porque chorava, E, quanto mais chorando, mais contente! Mário Beirão, Poesias completas (Pão da Ceia-1964), pág. 564. Mário Pires Gomes Beirão nasceu em Beja no dia 1 de maio de 1890, na Rua das Portas de Aljustrel, e faleceu em Lisboa em fevereiro de 1965. Licenciou-se em Direito pela Universidade de Lisboa, exercendo o cargo de conservador do Registo Civil de Mafra. Como poeta, insere-se na corrente do Saudosismo, t