Mensagens

A mostrar mensagens de janeiro 15, 2017

TRATADO DO CANTE - Almanaque:

Imagem
MINHA MÃE AMASSA O PÃO ‎Minha mãe amassa o pão, E porque é mãe e mulher, Guarda-o no coração Para meu pai quando vier. Minha mãe amassa um beijo Pra meu pai que vem depois, Eu viro a cara, não vejo - São coisas lá entre os dois. Minha mãe amassa a vida, E a vida cabe-lhe inteira Na farinha desmedida, No infinito da peneira. Minha mãe amassa as flores, As que no campo se dão- E há mil cheiros, mil sabores Numa fatia de pão. Minha mãe amassa e diz Pra dentro do coração, Que só pode ser feliz Quando os outros também são. Minha mãe amassa o medo: Pode adoecer meu pai! - Vai amassando em segredo, Até que o medo se vai. Minha mãe amassa, amassa Prá farinha sair pão - E põe, se a água lhe falta, Lágrimas do coração. Poema de António Simões , Natural de Beringel, e professor em Estremoz, in " Minha mãe amassa o pão" , Câmara Municipal de Beja, 2001.

TRATADO DO CANTE - Diáspora:

Imagem
Da Planície à Ilha, da Ilha à Planície             Eram cinco horas e vinte minutos da manhã do dia 9 de Julho de 1998. Maria e José acordam sacudidos por um violento abalo de terra.             - Não te assustes, meu amor! De vez em quando a ilha estremece. Deve ser Vulcano novamente irado. - tentava ela explicar a José o que frequentemente acontecia numa ilha vulcânica, criada na confluência das placas euro-asiática, norte-americana e africana.             José não deu sinais de susto, tivesse embora achado estranho aquele abalo. Mais intenso devia ser do que aquele que, há 29 anos, apavorara, também de madrugada, toda a população em Évora. Com o sangue da juventude nas guelras, José não dera por nada.             Ficaram-se os dois em silêncio de mãos dadas, na expectativa do que iria acontecer. No vazio da escuridão, a Natureza mantinha-se calma em sintonia com eles. O pasmo que experienciavam sugeria o estado em que a alma vestida de branco se prepara para uma i