TRATADO DO CANTE - Almanaque:
MINHA MÃE AMASSA
O PÃO
E porque é mãe e mulher,
Guarda-o no coração
Para meu pai quando vier.
Minha mãe amassa um beijo
Pra meu pai que vem depois,
Eu viro a cara, não vejo -
São coisas lá entre os dois.
Pra meu pai que vem depois,
Eu viro a cara, não vejo -
São coisas lá entre os dois.
Minha mãe amassa a vida,
E a vida cabe-lhe inteira
Na farinha desmedida,
No infinito da peneira.
Minha mãe amassa as flores,
As que no campo se dão-
E há mil cheiros, mil sabores
Numa fatia de pão.
Minha mãe amassa e diz
Pra dentro do coração,
Que só pode ser feliz
Quando os outros também são.
Minha mãe amassa o medo:
Pode adoecer meu pai! -
Vai amassando em segredo,
Até que o medo se vai.
Minha mãe amassa, amassa
Prá farinha sair pão -
E põe, se a água lhe falta,
Lágrimas do coração.
E a vida cabe-lhe inteira
Na farinha desmedida,
No infinito da peneira.
Minha mãe amassa as flores,
As que no campo se dão-
E há mil cheiros, mil sabores
Numa fatia de pão.
Minha mãe amassa e diz
Pra dentro do coração,
Que só pode ser feliz
Quando os outros também são.
Minha mãe amassa o medo:
Pode adoecer meu pai! -
Vai amassando em segredo,
Até que o medo se vai.
Minha mãe amassa, amassa
Prá farinha sair pão -
E põe, se a água lhe falta,
Lágrimas do coração.
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