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A mostrar mensagens de outubro 16, 2016

TRATADO DO CANTE - Almanaque:

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TERRAS DE FOGO - Prólogo “(…) Depois carecemos surpreender as eiras na faina ardente do meio-dia …; assistir à abalada dessa gente que, mal a madrugada lampeja, lá vai em coros matinais, caminho das ceifas e apanha de legumes, e vê-la no regresso, à noitinha, transpondo as muralhas do burgo, braços dados, cores garridas, caras morenas e vermelhas bocas a cantar; atentar nas suas festas, bailes, fogueiras de São João, arraiais, romarias com touradas bravas, e esses opulentíssimos certames de movimento e cor, que são as feiras e mercados, onde todos os cambiantes da vida moral e social alentejana denunciam costumes, paisagem, e tudo absorvido do mais pitoresco tradicionalismo. … Passando um dia por esta região, mais ao Sul, notei que havia uns poços empedrados e outros com pesadas tampas de ferro. Não sei bem porquê, mais do que se fossem sepulcros, me impressionaram aqueles poços cerrados… Perguntei o motivo, e entre as razões que me deram avultava a de suicídios – sui

TRATADO DO CANTE - Escrito:

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“QUANDO O CANTE ERA PROIBIDO (Exercício de escrita e decalque sobre peças do processo de querela que correu termos na Comarca de Almodôvar contra José Caetano da Ponte e outros pelo crime de sedição (revolta) cometido na mesma vila em 26 de Janeiro de 1901) Naquele ano de 1901, a invernia tinha-se instalado penosamente dentro das vidas das gentes do sul. … Nos finais de Janeiro, com a mudança da lua, o céu abriu, a borrasca abrandou e houve anúncios de trabalho, uma boa nova que se repetiu de boca a boca: - “Amanhã, se o dia aclarear bom, os lavradores querem mulheres para a monda”. … Rua fora foram-se juntando mulheres e alguns moços de olhos ainda pregados e corpos entenguidos que iam tentar a sorte de um dia de trabalho. Só lá adiante, já fora da vila, começaram o cante. Tinha de ser assim, porque o Administrador do concelho, António Furtado, andava a ameaçar as experimentações vocais dos mais atrevidos e tinha reforçado o efectivo de guardas da polícia

TRATADO DO CANTE - Crónicas:

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O Cante do Ladrão  em Rio de Moinhos, Alcácer do Sal Alcácer do Sal estava como sempre azul e branca, reflectida na água sadia do que nasce na serra do Caldeirão - talvez o mágico dos druidas e dele se evolando! - e a esperança  era anunciada nos campos e nos lugares mais altos por voluptuosas cegonhas, tendo-nos suscitado cantar a moda “Senhora Cegonha” com alguns dos gerontes do Grupo Coral da Damaia “Os Alentejanos” com quem nos cruzámos ali. A paragem nesta cidade tinha por fim confirmar o encontro de cantadores do cante do ladrão e poetas em Rio de Moinhos com o Doutor Lacerda e cumprimentar o senhor Presidente da Câmara. Em Rio de Moinhos, dirigi-mo-nos à Escola onde nos esperava a Professora Catarina Cabaceira e o poeta Ananias, a quem as crianças fizeram uma entrevista  publicada num “Boletim Informativo” com o título: “A História de uma Aldeia”. Ali iniciámos o encontro, pois à medida que os cantadores iam chegando iam-se sentando à volta das mesas em rectângulo, fei