À MINHA “MODA”
Esta moda é que era a minha
No tempo em que eu a adorava
Esse tempo já findou
Tudo o que é bom se acaba
CANTE
(expressão que define o canto alentejano)
Cantigas
... naturalmente porque se cantam!
Já não tenho pai nem mãe,
Nem nesta terra parentes,
Sou filho das águas turvas,
Neto das águas correntes.
Ó minha mãe, minha mãe,
Ó minha mãe, minha amada,
Já perdi a minha mãe,
Já não faço gosto em nada.
"Variadas são as cantigas populares. As mais delas exprimem
os sentimentos da pessoa humana. A paixão do amor tem especial relevo. Toda a
gama de sentimentos que constituem a vida afetiva do indivíduo, elas exprimem. O
prazer e a dor, a alegria e a tristeza, o ódio, o ciúme, a inveja, o desgosto,
a resignação, a saudade, a melancolia, o orgulho, etc., tudo nelas se versa. Os
próprios sentimentos - religioso, moral, intelectual, estético - aí se
retratam.
A flora e a fauna da região, os astros, as produções agrícolas,
as povoações, os diversos e variados trabalhos campestres (sementeiras, mondas,
ceifas, debulhas), e as estações ou quadras do ano em que se realizam, tudo é
motivo para ser cantado em verso.
Há cantigas humorísticas, sarcásticas e mordazes. Há-as
irónicas, sentenciosas, anedóticas, de disputa ou desafio. Há outras que
requerem cálculo, e ainda as de carácter filosófico, pois o Povo tem a seu modo
uma filosofia, que é muito sua, filha da experiência."
(in"Subsídio para o Cancioneiro popular do BAIXO
ALENTEJO")
do Prof. Manuel Joaquim Delgado
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