TRATADO DO CANTE:
Grupo Coral da Casa do Povo de Amareleja, na Casa do Alentejo em Lisboa
“HOJE... CANTO EU!
Nas minhas andanças
pelas terras do sul, desde muito novo apercebi-me que os meus vizinhos do
Alentejo exteriorizavam as suas emoções de maneira diferente daquilo que me era
dado ver no meu país algarvio: - A linguagem era muito igual, mas a maneira de
cantar as alegrias e tristezas era bastante diferente: se calhar algum
especialista mais avisado diria que uns e outros se completam e se calhar ainda
se conseguirá uma relação antropológica (será?) entre o “Corridinho” e o
“Cante”, não esquecendo as “Saias” que desde cedo ouvia aos sábados à porta do
mercado de Olhão.
Muitos anos passaram, e eis que quase sem
saber porquê me vejo integrado nesta problemática tão bela como intrigante, tão
controversa como original, que se chama “Cante Alentejano”.
Num mundo de curiosos
e entendidos como é o nosso aqui à beira mar plantado, é muito fácil falar de
tudo sem saber de nada: aí eu não alinho, confesso-me ignorante nesta matéria,
mas peço licença para ser agora um aluno atento desta disciplina, que eu receio
adjetivar com medo de cair em injustiças.
Agora ficarei atento
a tantos professores que vou ouvindo pelo grande Alentejo, e pela Lisboa
preguiçosa a estender-se nas duas margens, procurando beber tudo sobre este
cantar velhinho que todos nós não poderemos deixar morrer sob pena de ajudarmos
(?) a sepultar mais uma forma de arte nestas ibéricas paisagens.
E agora apetece-me dizer
á boa maneira afadistada: “Silêncio! Vai cantar-se uma moda! “”
Artur Mendonça
In: Boletim do Cante Alentejano nº. 0, de
Agosto de 1997.
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