TRATADO DO CANTE: Conclusões do Congresso do Cante. Beja, 8 e 9 de Nvembro de 1997.
SESSÃO DE ABERTURA:
Na abertura dos trabalhos falou o Presidente da
Assembleia Geral da Casa do Alentejo, Prof. José Chitas, que se congratulou com
o evento, apresentou as boas vindas a todos os congressistas e falando na
tragédia que assolou o Alentejo pediu um minuto de silêncio em memória das
vítimas.
Falou a seguir o Comissário para o Congresso,
fazendo uma pequena resenha do caminho trilhado até aqui, do que falta
percorrer, terminando por fazer votos de que os trabalhos decorram o melhor
possível, no sentido de se achar o melhor caminho para a continuidade e
dignificação do Cante Alentejano.
Sob o
tema: ... QUE MODAS ? ... QUE MODOS?
O I
Congresso do Cante Alentejano estruturou-se em quatro painéis, ou direcções de
estudo e debate. No primeiro dia (8 de Novembro) foram abordados os três temas
seguintes:
Painel A Raízes e Estudo do Cante Alentejano
Painel B Situação Actual do Cante Alentejano
Painel C Perspectivas Futuras do Cante Alentejano
No
segundo dia (9 de Novembro) foi desenvolvido o último tema, subdividido:
Painel D Valorização do Cante Alentejano
Ensino
e Etnografia
Formas
de Divulgação
O Dr.
José Simão Miranda do Secretariado colocou como objectivo do Congresso, a determinação
na genuinidade da origem do Cante Alentejano, através de um intercâmbio de
ideias e experiências enriquecedoras.
O Sr.
José Roque do Secretariado definiu como objectivo de longo prazo a preservação
do Cante Alentejano, reconhecendo que as modas, da zona da grande Lisboa, já
não levam, por vezes o timbre genuíno do Cante. O novo Congresso do Cante
poderia ter lugar dentro de dois anos.
O painel A comportou cinco comunicações, de
oradores, sem contar as intervenções que nasceram do debate com o público.
A Drª.
Salwa Castelo Branco, Presidente do Instituto de Etnomusicologia da
Universidade Nova de Lisboa, defendeu a necessidade de criar um arquivo
audiovisual Distrital ou Regional do Alentejo que recolha, inventarie e
salvaguarde toda a produção fonográfica existente no mercado e todas as
gravações de campo do cante e de outras tradições alentejanas.
Complementarmente deverá ser recolhida e inventariada a documentação escrita e
iconográfica que acompanha as gravações sonoras. Acentuou a necessidade de
falar extensamente com os protagonistas do cante e de registar as suas memórias
num arquivo aberto ao público. Apontou alguns projectos de investigação que
importa desenvolver, nomeadamente:
1. O historial da
transplantação do cante para a Cintura Industrial de Lisboa/Setúbal e efeitos dessa mudança na
preservação do cante.
2. O papel do cante na vida
das comunidades, quer do Alentejo quer em Lisboa/Setúbal.
3. A relação entre o cante e
outras práticas musicais do Alentejo.
4. Histórias de vida: A
existência e a obra dos poetas, compositores, dinamizadores
e membros dos grupos corais de cante.
5. Relação entre o cante e a
organização social e política do Alentejo.
O Dr.
Henriques Pinheiro, na sua comunicação destacou, como o melhor trabalho sobre o
cante Alentejano o livro "Momentos Vocais do Baixo Alentejo",
publicado em 1986, em Portugal de João Ranita da Nazaré. Defendeu como hipótese
mais plausível, da origem do Cante Alentejano, não o Cante Gregoriano, como
sustentava o Padre António Marvão, mas o cante Árabe. O Cante Alentejano
próximo de uma vivência panteísta seria preexistente à instalação cristã nesta
região. A sua intervenção decorre de três grandes vertentes: Introdução, poesia
e música.
Julián
del Valle, na sua comunicação defendeu a criação de uma escola, sobre a música
coral alentejana, à semelhança de uma que foi criada no Chile em 1970 com
disciplinas englobando: Psicologia; Antropologia e outras, que no Chile esteve
sob o impulso do músico Vitor Jara. Salientou a importância das Autarquias
Alentejanas patrocinarem ou impulsionarem essas escolas. Fez uma simbiose entre
a música, o coral, as letras, as regiões e a importância de factores estranhos,
como seja o comboio.
O
Porta-voz da Associação Alma Alentejana, Dr. Eduardo Raposo, na sua
comunicação, sustentou que a essência da canção popular portuguesa é rústica e
campesina e não urbana. Subscreveu a tese de Lopes Graça, segundo a qual o Povo
Alentejano é o mais musical das gentes portuguesas. Considerou que os Corais
polifónicos do Baixo Alentejo terão sido oriundos do Cante eclesiástico.
Perfilhou a tese da divisão do cante em três grandes grupos. O Cante
Tradicional subdividido em cante rural, cante ribeirinho, cante arraiano, cante
mineiro, cante do trabalho (este último desprovido de instrumentos musicais).
Salientou a vertente da intervenção social do cante alentejano como forma de
resistência ao poder e às injustiças, como expressão do carácter digno e altivo
do Alentejo.
O painel B comportou cinco comunicações de
oradores e diversas intervenções do público no debate.
O
Padre António Cartageno referiu na sua comunicação que em 1978 foi editada pela
Comissão Diocesana de Liturgia e Musica Sacra de Beja, uma cassete com as
primeiras recolhas da música popular religiosa do Baixo Alentejo interpretada
pelo Coro do Carmo de Beja. O Alentejo possui um verdadeiro canto popular
alentejano, cujo reportório foi agrupado em três temas religiosos, a saber:
1. Cânticos de Missa,
2. Cânticos de datas
tradicionais (Natal, Quaresma, Santos Populares, etc.)
3. Cânticos Diversos (para
pedir chuva, por exemplo).
Fez
notar ainda que a região de Mértola é a mais rica neste tipo de cânticos.
O Dr.
Francisco Torrão fez uma breve historial da transmissão do Cante Alentejano no
século XX. A aparição dos primeiros grupos organizados nos anos vinte apoiados
pela aparição da rádio e depois da indústria discográfica dos anos trinta. As
Casas do Povo do Estado Novo corporativo com grupos de cante. A Casa do
Alentejo com um papel insubstituível. A FNAT com a colaboração do Prof. Armando
Leça e do coreógrafo Tomás Ribas. Os Etnomusicólogos: Rodney Gallop; Lopes
Graça; Michel Giacometti; Padre António Marvão; João Ranita da Nazaré; Salwa
Castelo Branco; a Igreja Católica e na Diocese de Beja o Padre António
Cartageno e o Cónego António Aparício. Sustentou que nos anos cinquenta o cante
alentejano afirmou-se a nível Nacional e Internacional, para o que contribuiu o
aparecimento da TV em 1957. O cante alentejano terá vindo a perder autenticidade
nos anos sessenta devido a vários factores: divisões na população com as
eleições presidenciais de 1958; êxodo dos jovens com a guerra colonial;
migrações para Lisboa; aparecimento do nacional cançonetismo; etc. Defendeu que
o cante, majestoso e belo não pode ser conectado politicamente. Propôs a
constituição da Federação do Folclore do Alentejo, acabando por afirmar que era
preciso tirar o cante da pré-história e colocá-lo na história.
O Dr.
Domingos Morais do Instituto de Investigação Científica, fez uma reflexão sobre
a actualidade do cante qualificando-o, falando no gesto musical,
intrinsecamente ligado à colocação da voz. Salientou a importância de tempo dos
espaços de voz. Referiu a situação actual do cante alentejano, suas vantagens e
desvantagens e preconizou a inclusão de temáticas regionais do cante nos novos
currículos escolares a par de cursos de formação de professores. Advogou a
necessidade de uma renovação sustentada para que o cante não se reduza a uma
vitrine.
O
porta voz do Grupo Coral, Alentejano "Os Amigos do Alentejo" do
Feijó, Sr. Alho, analisou globalmente os Grupos Corais de Cante na Cintura da
Grande Lisboa. Considerou que a quantidade de grupos é boa mas a qualidade é
sofrível, nomeadamente devido a aspectos de má apresentação: indivíduos mal
equipados, mal posicionados em palco, sobretudo na primeira fila; modas
deturpadas desenraizadas do Alentejo; desfiles organizados sem condições; falta
de apoio financeiro e logístico das autarquias.
O
porta voz do Grupo Cantares de Évora, Sr. Joaquim Soares, na sua comunicação
diagnosticou algumas adaptações forçadas: plágios mal conseguidos de modas
alentejanas; interpretações corais de forma desgarrada e sem interiorização.
Salientou a necessidade dos Grupos Corais utilizarem o valioso cancioneiro,
recolher modas junto das populações mais idosas e criar escola pelo trabalho
coordenado.
O Painel C comportou seis comunicações de
oradores e diversas intervenções no debate.
O Dr.
António Lacerda deixou alguns recados e algumas ideias afirmando que há um
espólio valiosíssimo de cante que ainda está na gaveta sem ser dado a conhecer.
Preconizou a valorização da cultura rural, incluindo o leccionar o cante nas
escolas, o que poderia ser feito na área escolar curricular. A escola pode ser
um reactivador da cultura tradicional, tendo como parceiros os animadores
associativos e municipais. Compara o cante com o mundo rural dizendo que existe
um porque existe o outro, pairando sobre ambos ameaças iguais. Recordou que já
Manuel da Fonseca dizia que a nossa cultura está nos cemitérios; recorda a
existência de um espólio sobre a matéria de Armando Leça, algures
"preso" na RDP e outro de Michel Giacometti, engavetado... Faz um
apelo para que todos partilhem e afirmem esta cultura: o cante alentejano ser cantado
em grupo dá uma característica etnomusical peculiar. Destacou a importância das
Federações como agentes de promoção de intercâmbios entre grupos alentejanos e
outros, no sentido de um maior entrelaçamento.
O Dr.
Marcos Olímpio referiu que a crescente urbanização fazendo com que no ano 2000,
mais de metade da população viva nas cidades, sedes de concelho no Alentejo,
fará muitas crianças ignorar a vida no campo e o cante alentejano conexo a
esta. A globalização cultural ataca a cultura local, mas o cante deverá
permanecer, dado ser diferente e dada a necessidade de comunidades de
alentejanos em Lisboa, Faro, Marinha Grande ou no estrangeiro tem de preservar
a sua identidade.
O Dr.
José Simão Miranda declarou que em 1974 havia 18 Grupos de Cantadores Alentejanos,
sendo 14 no distrito de Beja; 3 no distrito de Évora e 1 em Lisboa. Hoje
existem 107: sendo 7 dos quais femininos e 5 infantis; 63 em Beja, 13 em Évora,
6 em Setúbal e 25 na zona da Grande Lisboa; isto mobiliza 2.466 elementos; a
média de idade é elevada: Beja 56 anos; Évora 50.
O
porta voz da Associação de Cante Alentejano "Os Ganhões, Sr. Francisco
Caipirra sustentou que o contexto motivador do cante alentejano era o
"trabalho agrícola" no Alentejo, sócio economicamente diferente do de
hoje. O cante tem que ser dinâmico, falar dos tempos que corre para permanecer
vivo. Preconizou a criação de um organismo que apoie os grupos corais, não
apenas na preservação do cante mas também do despique, do baldão e da viola
campaniça. Debateu a questão de os trajes serem ou não a rigor, duas posições
contrárias se manifestaram: uma preconizando a ligação indissociável entre o
cante e o traje a rigor; outra dissociando os dois factores para captar os
jovens. Foi ainda contestado o conceito de alentejano, a diversidade do cante
enriquece-o ou desvirtua-o?
O
porta voz do Grupo Coral Alentejano "Os Amigos do Barreiro" Sr. José
Coelho, na sua comunicação questionou os limites geográficos do conceito
alentejano, referindo que em 1986 o seu grupo foi secundarizado, num concurso
de cante alentejano, por estar sediado no Barreiro. Debateram-se ainda
deficiências de organização nos desfiles dos grupos corais, como por exemplo a
repetição das mesmas modas por vários grupos e indagou-se qual a região do
Alentejo que tem o cante mais puro.
O Painel D na vertente do ensino e etnografia,
comportou seis comunicações de oradores, além das intervenções do público no
debate.
O
Professor José Rabaça Gaspar na sua comunicação preconizou a criação de um
Instituto Alentejano de Cultura e Desenvolvimento, função que caberia
prioritariamente à Direcção da Revista Arquivo de Beja e ao seu Concelho
Editorial. Defendeu que se houvesse uma norma padrão de língua Portuguesa,
seria o Alentejo que editaria a norma, tanto na língua como na música. Defendeu
que no cante os poetas populares não são menores. Terminou afirmando querer
contribuir para todas as formas de Instituição da Cultura Alentejana.
O Dr.
José Orta, na sua comunicação defendeu um projecto inter-disciplinar de estudo
e desenvolvimento do cante alentejano dividido em três vertentes ou secções:
1.
Sócio-antropológico
Ao
nível da etnologia estudará as estruturas e funções especiais do cante, no
quadro da cultura e da sociedade regionais.
2.
Etnomusicológico
Fará o
levantamento do cante actual e da sua evolução ao longo da história e procurará
implantá-lo em ensino pré-escolar e
básico.
3.
Poética
Visará
a caracterização linguística e poética por tema, reflectindo-se no ensino a
aprendizagem do Português nas escolas.
Falou
no projecto de Beja sobre o cante, coordenado pela Direcção da Revista Arquivo
de Beja, com vários professores Universitários, lendo a propósito um pequeno
texto. Terminou por falar na fuga para a frente, nos aspectos regionais,
cultura incluída.
A Drª.
Maria José Barriga, na sua comunicação salientou a quase total ausência de
documentação existente, até hoje, sobre o cante ao baldão, específico da serra
do Baixo Alentejo, acompanhado por violas campaniças, falando sobre as origens,
locais, tradições e situação actual.
O
porta voz do Grupo Coral, Alentejano, "Os Unidos do Lavradio", Prof.
Carlos Botelho, criticou a automatização dos grupos corais, desligados uns dos
outros e defendeu a criação de uma organização abrangente que os enquadre a
todos. Advogou que os grupos corais não devem ser instrumentalizados, mas sim
apoiados pelos municípios.
O Dr.
José Francisco Colaço Guerreiro, representante da Cortiçol, na sua comunicação
teorizou a necessidade de iniciar um movimento de opinião que conduza à
classificação do Cante como Património do Alentejo e um movimento de afirmação
junto das Autarquias para que estas, então, reconheçam os grupos corais como
parceiros culturais privilegiados. Decorre daqui a necessidade de surgir uma
Federação do Cante Alentejano, ainda que este não seja o momento ideal para a
constituir. É preciso um grande sentimento de organização, daí o seu lema
"Organizar para fortalecer".
O
Cónego António Aparício na sua comunicação, pôs em relevo o autor popular da
cantiga alentejana referindo ter conhecido um compositor analfabeto que em
primeiro idealizava as músicas e depois pensava nos versos. Salientou que o
cante alentejano de expressão religiosa deixa de ser de um grupo restrito e
contagia a Assembleia visto que tem o dom de agregar harmoniosamente todas as
pessoas. Completou a sua intervenção falando de cantes religiosos do Alentejo,
em complemento da intervenção do padre António Cartageno.
O Painel D na vertente das Formas de Divulgação,
comportou cinco comunicações de
oradores, além das intervenções do público no debate.
A Drª.
Alda Goes, na sua comunicação, afirmou a vocação da Fonoteca Municipal da
Câmara de Lisboa para a promoção e divulgação da música nas suas várias
expressões. Referiu o trabalho do Grupo Coral de Tires traduzido em inúmeras
actuações públicas, como forma de difusão do cante e cultura alentejana. Fez um
breve historial do estudo e divulgação da música tradicional portuguesa de 1822
a 1920; de 1920 a 1974 e 1974 até hoje, citando bibliografia, artigos de
jornais e revistas, gravações musicais e CDs. Criticou a grande lacuna dos
"Mass média" de âmbito Nacional de difusão da cultura popular, local,
em particular do cante. Explicitou os diversos métodos de divulgação do cante,
dando preponderância à gravação audiovisual da música. Referiu, ainda, as
instituições vocacionadas com o canal de difusão do cante.
O
representante da Casa do Alentejo, Sr. José Pereira Júnior, na sua comunicação
salientou o papel desta Instituição, na promoção mediática, cultural e
financeira deste Congresso. Acentuou que as rádios, os jornais e a televisão,
muitas vezes condicionados pelo poder político ou social em pouco ou nada
servem à difusão da cultura tradicional e do cante alentejano.
Rui
Bebiano, na sua comunicação sustentou que a criação de um organismo digital de
música, letras, imagens e texto consultável vinte e quatro horas por dia, em
qualquer ponto do Globo, na Internet, pode proporcionar um salto qualitativo,
em frente, na divulgação do cante e da cultura alentejana, em geral.
O representante
do Grupo Coral e Etnográfico "Os Rurais" de Figueira de Cavaleiros,
Sr. Luis Franganito, na sua comunicação salientou o papel importante do Padre
José Alcobia, no empenhamento e interesse manifestado ao longo de toda a sua
vida bem como na divulgação e valorização do cante alentejano.
Artur
Mendonça, na sua comunicação salientou a importância que tem a encenação e
valorização com a vertente do som e da luminotecnia no cante.
RESUMO
DAS CONCLUSÕES:
Podemos
sintetizar em seis pontos as grandes conclusões deste Congresso:
1. O incentivo à investigação da génese, ainda desconhecida, em certa
medida, do cante alentejano, havendo quem sustente a sua origem gregoriana, eclesiástica ou cristã e quem
advogue a sua origem arábica ou islâmica.
2. O desenvolvimento de esforços no sentido da constituição de um
organismo que seja depositário da memória da idiossincrasia do cante alentejano
- um arquivo audiovisual do Alentejo. Neste deverão figurar as gravações
sonoras (comerciais ou de campo); os registos visuais dos grupos de cante
entoando as melodias, narrando estórias da vida, etc.; os livros e diverso
material iconográfico; os trajes; os objectos de artesanato, de trabalho,
mineiro, rural, etc.; a colaboração com as Universidades ou outras escolas,
onde leccionem especialistas do cante, poderá e deverá existir. Poderá este
arquivo estar incluído num futuro Instituto Alentejano da Cultura e
Desenvolvimento.
3. A inserção da teoria e da prática do cante alentejano nos programas
escolares, havendo quem sustente essa incorporação nas escolas de ensino
público e quem defenda a criação de escolas de cante independentes do poder do
Estado.
4. A preservação da etnomusicologia alentejana como um todo (o cante, o
despique, o baldão a viola campaniça), nesta matéria as opiniões dividem-se, os
mais fixistas sustentam que os espectáculos de cante se devem realizar com o
traje a rigor tradicional; outros evolucionistas advogam que o cante deve
manter a sua genuinidade musical, mas as letras das canções e os trajes podem
evoluir e ser adaptados a este final do século XX e a inclusão no cante da voz
feminina.
5. A
vinculação das autarquias em todos os concelhos alentejanos, na defesa e
propagação do cante. As câmaras municipais deverão dar apoio logístico
(transporte, sedes para grupos corais, imprensa, etc.) e financeiro aos grupos
e escolas de cante, sem que estas caiam no domínio da política partidária.
6. A formação de uma federação de folclore alentejana - a Federação de
Grupos Corais Alentejanos que poderá ser a força motriz da formação do arquivo
audiovisual do cante alentejano e dos próximos Congressos do cante alentejano.
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