TRATADO DO CANTE:
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Congresso do "Cante" Alentejano
Beja, 8 e 9 de Novembro de 1997
PAINEL A RAÍZES E ESTUDO DO CANTE ALENTEJANO
"Bom dia para todos. No Chile
existe o Agrupamento Nacional de Folcloristas que se chama "ANFOLCHILE", que por motivos familiares
e por me ter dedicado ao folclore do meu País, estive em comunicação com eles,
esta semana, e fizeram questão, em me encarregar de transmitir o seu apoio e os
seus cumprimentos a este I Congresso do Cante Alentejano.
A Direcção do espaço das 7 às
9 do Centro Cultural de Belém, também, faz questão de estar presente e assim
poder dar todo o apoio que está dentro das suas possibilidades".
Ora, como músico quero fazer alguma coisa, uma resenha pequena. No Chile
(falo bastante do Chile, porque temos uma experiência mais antiga do que a
vossa) nós tivemos grandes músicos, como Violeta Parra, Vitor Jara (grande
músico Chileno, que morreu com o golpe de estado em Chile, no ano de 1973). Mas
Vitor Jara, no ano de 1970, conseguiu reunir em Santiago do Chile, todos os
Folcloristas e gentes que estava preocupada com a investigação da nossa música
chilena. Destas reuniões nasceu uma escola, dentro do conservatório de
Santiago, que era uma escola para professores de folclore, onde tive a sorte de
participar, também. Nessa escola nos tínhamos ramos muito específicos de estudo
que tinha que ver com a nossa experiência folclórica, por exemplo: psicologia,
antropologia, estudo da música, mas fundamentalmente o estudo prático da música
e das nossas tradições através das investigações de todos aqueles que
participavam na escola. Penso que este, talvez seja um pequeno contributo que o
meu País gostaria de oferecer a vocês, portugueses, porque penso que dentro da
música coral alentejana, uma das coisas por que se está a pecar, a fazer pecado
mesmo, é não existir, precisamente, essa escola tão necessária, donde poderia
haver, sugiro eu, pessoas que poderiam ditar cátedra, sobre a música coral
alentejana, como aliás foi dito por estes Srs. Drs. que ouvimos falar esta manhã.
Talvez seja muito mais necessário, mesmo dentro de uma escola, ensinando-nos
todo aquele conhecimento que eles tem, que dentro mesmo do congresso. Era muito
mais importante porque tudo aquilo que eles não podem transmitir será para as
gerações futuras o alicerce para poder preservar a vossa tradição, o vosso
folclore.
Agora, também já estou ficando velho, já preciso de óculos. Queria dizer
que é uma lástima também não estarem aqui bem representados, e isto convém
deixar bem claro, os diversos concelhos de Portugal e concretamente os do
Alentejo, através dos vereadores da cultura, ou dos seus representantes. Para
esta pequena escola que poderia funcionar dentro do Alentejo, por exemplo em
Beja ou Évora que são focos centrais do Alentejo, acho que se podia muito do
apoio, através das Câmaras Municipais, por isso mesmo gostava que as câmaras
estivessem aqui, em massa, e não como estão agora, ou da própria Secretaria de
Estado da Cultura ou das diversas instituições que se dedicam ao estudo e à
investigação do folclore.
Nada
mais... Bom dia!"
Julián
del Valle
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