TRATADO DO CANTE - Que modas, que modos?
CONCLUSÕES DO I CONGRESSO DO CANTE ALENTEJANO
Sessão de encerramento: Comissariado do Congresso: Luís Franganito, Joaquim Soares, Simão Miranda José Roque, Colaço Guerreiro, Fernanda Patrício, Manuel Coelho, José Pereira, José Pereira Júnior (não estão: Carlos Botelho e José Jesus).A ler as conclusões Artur Mendonça.
RESUMO
DAS CONCLUSÕES:
Podemos
sintetizar em seis pontos as grandes conclusões deste Congresso:
1. O incentivo à investigação da génese, ainda desconhecida, em certa
medida, do cante alentejano, havendo quem sustente a sua origem gregoriana, eclesiástica ou cristã e quem
advogue a sua origem arábica ou islâmica.
2. O desenvolvimento de esforços no sentido da constituição de um
organismo que seja depositário da memória da idiossincrasia do cante alentejano
- um arquivo audiovisual do Alentejo. Neste deverão figurar as gravações
sonoras (comerciais ou de campo); os registos visuais dos grupos de cante
entoando as melodias, narrando estórias da vida, etc.; os livros e diverso
material iconográfico; os trajes; os objectos de artesanato, de trabalho,
mineiro, rural, etc.; a colaboração com as Universidades ou outras escolas,
onde leccionem especialistas do cante, poderá e deverá existir. Poderá este
arquivo estar incluído num futuro Instituto Alentejano da Cultura e
Desenvolvi-mento.
3. A inserção da teoria e da prática do cante alentejano nos programas
escolares, havendo quem sustente essa incorporação nas escolas de ensino
público e quem defenda a criação de escolas de cante independentes do poder do
Estado.
4. A preservação da etnomusicologia alentejana como um todo (o cante, o
despique, o baldão a viola campaniça), nesta matéria as opiniões dividem-se, os
mais fixistas sustentam que os espectáculos de cante se devem realizar com o
traje a rigor tradicional; outros evolucionistas advogam que o cante deve
manter a sua genuinidade musical, mas as letras das canções e os trajes podem
evoluir e ser adaptados a este final do século XX e a inclusão no cante da voz
feminina.
5. A
vinculação das autarquias em todos os concelhos alentejanos, na defesa e
propagação do cante. As câmaras municipais deverão dar apoio logístico
(transporte, sedes para grupos corais, imprensa, etc.) e financeiro aos grupos
e escolas de cante, sem que estas caiam no domínio da política partidária.
6. A formação de uma federação de folclore alentejana - a Federação de
Grupos Corais Alentejanos que poderá ser a força motriz da formação do arquivo
audiovisual do cante alentejano e dos próximos Congressos do cante alentejano.
Beja, 9 de Novembro de 1997
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