TRATADO DO CANTE - Colóquios:
““GÉNESE E
EVOLUÇÃO DO CANTE ALENTEJANO”
O Cante
alentejano e o Gregoriano têm a mesma génese, a mesma raiz. É meu entendimento
sobre o folclore cantado do Baixo Alentejo – origens e evolução – como tendo
escrito em vários jornais, o seguinte: O Alentejo, em virtude da sua situação
geográfica, foi das últimas regiões a ser conquistada aos mouros. Dadas as
grandes extensões de terras, e pouca população, a sua divisão foi atribuída em
regime de latifúndio, primeiramente às Ordens Militares de Santiago de Espada e
de Aviz e, posteriormente às Ordens Monásticas. As primeiras tinham por
finalidade a manutenção e defesa dos territórios conquistados, as segundas, o
arroteamento das terras e a evangelização das populações que à volta dos conventos
se iam aglomerando, formando freguesias.
(…) O
canto ocupava lugar de relevo na liturgia dentro dos conventos, mosteiros e
também nos diversos lugares de culto que nas freguesias iam aparecendo. O que
se ensinava e cantava não era já o Cantochão, mas sim o Gregoriano saído da
reforma feita pelo Papa Gregório VII e o Fá-bordão, que nos aparece nos
primórdios do século XII, penetra lentamente nos conventos e mosteiros. O
Fá-bordão é uma espécie de polifonia simples e rudimentar, a duas e três vozes,
introduzida por um recitativo gregoriano cantado por um só elemento do grupo, a
que responde outro elemento num tom mais acima, dando entrada às segundas e
terceiras vozes. É nesta polifonia simples e rudimentar que radica o nosso belo
canto alentejano, velhinho, mas sempre belo e único em toda a Europa.
(…)”
Padre José
de Alcobia
In: “Michel Giacometti e Cante Alentejano”
Ferreira do Alentejo. Colóquio: "O Cante Alentejano". 27 de Setembro de 1997.
Pág. 9.
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