TRATADO DO CANTE - Congresso do Cante Alentejano (1997):

Perguntas e respostas:

"(...)
Francisco Caipirra
Gostei muito da intervenção do Dr. Francisco Torrão, acho que continua a haver uma preocupação enorme em estarmos a justificar o passado, penso que temos uma ideia errada de preservar, penso que o Dr. se equivocou um pouco porque na ponta final disse preservar é cantar todos os dias. Eu folgo por me ter citado, porque realmente fui eu que disse que temos que tirar o cante da pré-história e colocá-lo na história, precisamente porque eu acho que preservar tem a ver com  o enquadrarmo-nos nos tempos que correm, cantarmos o Alentejo de hoje, com poesia actual, hoje o Alentejo já não é uma pátria agrícola já não há ceifeiras nem mondadeiras, como eu vou dizer daqui a pouco, as nossas mondadeiras, hoje, não têm as saias até aos tornozelos mas vestem-se com uma mini-saia atrevida.

Francisco Torrão
Só gostaria de dizer o seguinte: de facto essa afirmação foi do Francisco Caipirra, meu particular amigo, tem feito um trabalho indelével junto dos "Ganhões" de Castro Verde, admiro-o. Eu manifestei a minha opinião pessoal até porque quando proferiste aquela frase, que veio publicada na revista "Imenso Sul", eu li aquilo e registei-a. Não compreendi muito bem o que é que pretendiam, segundo creio iriam musicar, aliás iriam utilizar poemas do Alberto com as nossas modas tradicionais, com música tradicional.
...

Peço imensa desculpa mas não o entendi assim, daí a minha observação. Apareçam poemas novos, apareçam músicas novas, agora não estou de maneira nenhuma de acordo é que utilizemos a nossa música, as nossas modas tradicionais com poemas novos, independentemente de as ceifeiras irem de mini-saia, façam aquilo que quiserem. O Zeca Afonso fez uma coisa maravilhosa, foi a Grândola Vila Morena, fez um poema e fez uma música nova. Com isso estou plenamente de acordo até porque sou autor de duas modas que o Grupo Coral de Serpa interpreta. Estou de acordo com a renovação, mas cuidado, aquilo que é o tradicional temos que o preservar, é a minha opinião.
(...)"


In: "QUE MODAS? ... QUE MODOS? - ACTAS DO I CONGRESSO DO CANTE ALENTEJANO". BEJA, 1997. Edição FaiAlentejo. 2005.

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