TRATADO DO CANTE - Almanaque:
MINHA MÃE AMASSA O PÃO
"(...)
Minha mãe amassa a seta,
Que não sei quem
disparou –
Quando o pão depois
leveda,
Coze-se em pleno voo.
Minha mãe amassa o
cheiro
A madeira, ferro e pó:
Meu tio talhando,
certeiro,***
O azinho co’a enxó.
Minha mãe amassa o verde
Duma seara de trigo –
Vais matar-me fome
e sede,
Alentejo, eu te bendigo!
*** Meu tio António
Baptista Carvalho, abegão, pessoa jovial e espirituosa, construtor de carros de tracção animal, em
cuja oficina passei muitas horas da minha infância e juventude. Faleceu em
finais de 1952.
(...)
de António Simões
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