TRATADO DO CANTE - Escrito:
“PRECE
(…)
A terra dói-se. E tu canta, companheiro, a tua estrofe
rebelde à nascença de um rio! Não violes as gruas do silêncio, implantadas ao
rés das choupanas dos zagais. Acende a tua voz de profeta, ergue novamente a
tua mão, cheira, ao longe, o vulto das papoilas, mas canta. Estás no teu país
Alentejano, e a tua voz é esforço, é esperança, é sangue, é poesia!”
In: “Alentejo é sangue”, 2ª. edição revista e aumentada,
de Antunes da Silva. Capa de Luiz Duran. Livros Unibolso. Pág.s: 173/174.
Antunes da
Silva
Armando Antunes
da Silva nasceu no dia 31 de julho de 1921 em Évora e faleceu em 1997
na mesma cidade. Frequentou a Escola Comercial de Évora, abandonando os estudos
aos treze anos para trabalhar num escritório. Em 1948, fixa-se em Lisboa onde,
a por do trabalho na secção de publicidade e de relações públicas numa empresa
industrial, se dedica à escrita. Colaborou em várias publicações, destacando-se
a revista Vértice, os jornais O Comércio do Porto,
o Diário Popular, o Diário de Notícias, o Diário
de Lisboa e O Diabo. A sua obra pertence ao Neo-realismo.
Antunes da Silva publicou dois diários. O primeiro tem por título Jornal
I – Diário e foi publicado em 1987, reportando-se a registos de 1984 e
1985. O segundo tem por título Jornal II – Diário e foi
publicado em 1990, reportando-se a registos de 1986-1990. O autor, a viver na
cidade de Évora, vai falando da velhice, tece opiniões sobre o que vai
acontecendo na região, em Portugal e no mundo. Descreve a paisagem alentejana
em diferentes momentos, fala de literatura, tece reflexões sobre o passado e
sobre a sua vida presente. Relata viagens (uma delas aos Açores e outra a
Macau). A cada passo, transcreve poemas. O estilo é simples e sem grandes
pretensões. Alguns dos seus contos foram traduzidos para checo, alemão e
italiano.
Obras:
Poesia – Esta Terra é Nossa – Cancioneiro Geral (1952); Canções
do Vento – Cancioneiro Geral (1957); Breve Antologia Poética (1991).
Prosa – Gaimirra (contos, 1946); Vila Adormecida (contos,
1948); Sam Jacinto (contos, 1950); O Aprendiz de
Ladrão (contos, 1954); O Amigo das Tempestades (contos,
1958); Suão (romance, 1960); Terra do Nosso Pão (romance,
1966); Alentejo é Sangue (crónicas e narrativas, 1966); Uma
Pinga de Chuva (crónicas e narrativas, 1972); Exilado (contos,
1973); Jornal I – Diário (1987); Jornal II – Diário (1990).
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