TRATADO DO CANTE - Almanaque:

É rica, tem nome fino


Mote:
É rica, tem nome fino
É pobre, tem nome grosso
É rica, teve um menino
É pobre, pariu um moço.

I
Não sabes quem é aquela
Quem além vem pé ante pé?
É a menina Cadé,
Vem da vivenda Quintela,
E a outra que vem com ela
É a Dália Tolentino,
Andam ensaiando um hino
A da Didi Serafim,
E a seguir é sempre assim,
É rica tem nome fino.

II
Não vês aquela sopeira?
É a Antónia Bucherca,
Vive à da Ana Macaca,
À da Zefa Cadeireira,
Foi lá que o António Lameira
Lhe deitou a mão ao troço,
Houve até um alvoroço,
A Brites veio ao postigo,
O mote diz como eu digo,
É pobre tem nome grosso.

III
Aquelas pelos salões
Trajando à última moda,
Ouvindo da alta roda
Desusados palavrões,
Todas têm emoções,
Todas vão ao seu destino,
Um galã, um dançarino,
E ei-las na maternidade
E depois, com suavidade,
É rica, teve um menino.

IV
As outras pelos passeios,
Nas ruas e nos mercados,
Têm com os namorados
Inflamados paleios,
Um pequeno toque nos seios,
Mais dois dedinhos no troço,
Um toque, um pequeno esboço
E ei-las de barriga inchada
E a seguir, dia a gajada,
É pobre, pariu uim moço.


 In: “As Deixas”, de Manuel António de Castro (pesquisa e comentários de Cristóvão Enguiça. Recolha de familiares e população de Cuba). Capa e ilustração de António Carrilho. Edição da Câmara Municipal de Cuba. 1987. Pág.s: 27/28.

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