TRATADO DO CANTE – Almanaque:
SOU
O ALENTEJO
“Dedicatória
A
quem devo este homem e poeta (José-António Chocolate) que vos
apresento:
.
A minha mãe, Maria, lutadora decidida e determinada, noite e dia
desbravando os caminhos do futuro;
.
A meu pai, António, corpo abnegado e sofrido, feito de trabalho,
sempre moirejando sob sol e chuva o acrescento à sua parca jorna;
.
A minha avó, Mariana, doce carinho, dedicada na construção
sensível dum mundo de pormenores e afectos.
(…)
Sou
o alentejo
Sou
feito de planície
venho
da terra chagada
onde
cresce cedo
a
madrugada
e
ao sol, o olhar
a
custo resiste.
Trago
no ventre
searas
loiras
e
o travo quente
de
rubras papoilas…
Estou
na madrugada
que
rouba às raparigas
o
bafo morno
das
cantigas.
Sabe-me
a boca a amoras
silvestres
amadurecidas
à hora da sesta.
Faço
da noite lençóis de
relento
que
o vento soão rasga
sedento…
Tenho
o eco das cigarras
das
noites quentes de verão
e
uma cor de giesta amarga
que
me grita
que
me espera agreste
no
fim de cada estação.
Sou
o Alentejo!…
Sou
o Alentejo
fecundado
na imensidão
do
olhar que se embrulha
no
horizonte
entre
um céu de fogo
e
o chão.”
In:
“Todos os Afectos – 30 anos de poesia| Antologia”, de
José-António Chocolate. Edição de Estuário. Foto da capa de
Ricardo Fonseca. Maio de 2012. Pág.s 35/36
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