TRATADO DO CANTE - Escrito:
O
LUTO E A LUTA
Foto de António Cunha
Vieram
do fundo dos tempos atenuar a rudeza, por vezes bela, dos lugares.
Como
se fossem desse longínquo início, têm rostos carregados de rugas,
onde ainda se aloja um sorriso.
Cantam
como ninguém, são a terra a cantar.
E
ao ouvi-los, sinto o efémero e o eterno de uma existência de
esperanças adiadas, partilhando o pão e o sol.
Vieram
do fundo dos tempos.
Vestem
de preto, trazem o luto e a luta nos gestos.
Limpam
a voz no ar da manhã, no vinho das veredas ardentes, no silêncio
grande dos campos que o olhar afaga.
São
alentejanos, gente que resiste: ao fogo, à estupidez. E cantam.
Cantam
a outra forma de ser português!
Luís
Filipe Maçarico
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