TRATADO DO CANTE - Escrito:


O LUTO E A LUTA

Foto de António Cunha

Vieram do fundo dos tempos atenuar a rudeza, por vezes bela, dos lugares.

Como se fossem desse longínquo início, têm rostos carregados de rugas, onde ainda se aloja um sorriso.

Cantam como ninguém, são a terra a cantar.

E ao ouvi-los, sinto o efémero e o eterno de uma existência de esperanças adiadas, partilhando o pão e o sol.

Vieram do fundo dos tempos.

Vestem de preto, trazem o luto e a luta nos gestos.

Limpam a voz no ar da manhã, no vinho das veredas ardentes, no silêncio grande dos campos que o olhar afaga.

São alentejanos, gente que resiste: ao fogo, à estupidez. E cantam.

Cantam a outra forma de ser português!

29-5-98



Luís Filipe Maçarico


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