TRATADO DO CANTE – A Paixão do Cante
Quem
não há-de ter paixão...
Maria Antonieta Nogueira
Maria Antonieta Nogueira
"Alentejo
sempre…
(...)
Foi
uma escolha. Terminei o curso com a ideia pré-concebida: Alentejo.
(...) Um sonho!
Chegada
que fui a Beja, logo recebida por um director escolar que, meio
estupefacto com a minha coragem, me tratou como uma princesa.
Sentindo de momento a minha ansiedade, entrelaçou as suas mãos nas
minhas e transferiu essa ânsia e esse medo que se haviam acolhido no
meu peito, para dentro do coração dele. Soube-o logo, vislumbrando
uma ternura imensa nos seus olhos e, a partir daí, contei com a sua
amizade e compreensão para sempre. O primeiro alentejano que
conheci. Manuel
Joaquim Delgado.
Para si mais uma vez o meu obrigado do coração.
De
automotora, segui para Mértola onde comecei a lidar com
alentejanos retraídos, envergonhados, que iam aparecendo com os
filhos para as matrículas. Entendi logo que esperavam tudo de mim
sem suporem que eu esperava tudo deles. Assim começou a nascer o
entendimento. Eles e eu. Eu que não faço amizades facilmente,
eu que nunca ganharia a faixa de miss simpatia no meio de
desconhecidos, tomei conhecimento que era a primeira vez que tal me
sucedia. Assim entrei na família alentejana sem esforço. Não uma
família imposta mas escolhida por mim. Passei a ser a professora,
amiga, a confidente. Quase me carregavam ao colo. Os filhos faziam
fila fora da minha porta, manhãs geladas, para me acompanharem à
escola. E o mar açoreano desapareceu. Então a campina alentejana .
(...)
Não
me alongo mais. Até gostaria. Mas a emoção está no ar. Voltei lá.
É o que penso no momento. E tudo se mistura. Alegria e tristeza.
Cantares alentejanos soam por aí. Perdi o jeito de terminar.
Portanto, ponto final!"
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