TRATADO DO CANTE – 09 99 Crónicas:

001 MONTOITO – O Cante!… O primeiro sentir

Grupo Coral de Montoito (anos 40)

Década de 50 do século passado. Mocinho novo, 6, 7 anos de idade, na procura de sensações que me implementassem gosto e saber, lá ia eu e meu irmão João acompanhar o nosso pai, Gaspar, para mais um ensaio de Cante, na taberna do Zé Bagulho.



Estava para perto a ida do Grupo Coral de Montoito à feira de S. João a Évora, onde se apresentaria com atuações em palco e em desfile. Por sinal não correu lá muito bem em palco, dada a inexperiência do Grupo a cantar para aquela coisa dos microfones. Não me lembro bem mas creio que foi por causa da sua distribuição que na recolha do som não resultou grande coisa. Em desfile, sim! A coisa correu bem e fomos muito aplaudidos. Bom sinal! A partir daí, e sempre que ouvia cantar à nossa moda, a alentejana, o interesse subia e me dava aquele real prazer de felicidade conseguida.


Ouvia e acompanhava com grande interesse as cantorias nas ruas da minha terra, por grupos, por idades, que faziam paradinhas junto das casas das namoradas para aí fazerem valer os seus dotes de apaixonados cantadores. Guardo com muito entusiasmo essas memórias desse tempo tão bem feito para o meu crescimento.

Realço aqui os nomes de João Gadino e Zé Malhado que do cante foram meus mestres, sem eles saberem. Bem hajam!

A vida encarregou-se de me conduzir para outras paragens e com outras gentes, outras aprendizagens e aí por mais que custe (e custa) sempre me socorri do meu Cante para me ajudar a ser melhor, mas não perfeito, perante os desafios que me iam calhando resolver.

Com muita facilidade dou por mim a cantar ou a assobiar, como preferirem, uma moda da minha santa terrinha. Hoje saiu-me esta na rifa:

O MEU MONTINHO 
Cantiga: 
Quando um homem está sozinho no seu monte,/ Bem no meio da Natureza/ Escutando a água a correr da fonte,/ É dono de uma riqueza.. Ai que saudades que eu tenho de outr'ora/ Quando a vida me obrigou,/ A deixar o meu montinho,/ A ir embora./ O meu coração chorou.. 
Moda: 
Já não oiço os passarinhos,/ Já não me sento à lareira,/ Já não bebo os meus copinhos,/ Já não vou domingo à feira./ Só não perco o meu cantar,/ Porque está dentro de mim,/ Não me o conseguem tirar,/ O meu montinho é assim. 
Cantiga: 
Apaguei o candeeiro,/ Fechei a porta./ Disse adeus ao cão pastor./ Pus a manta ao ombro e fui estrada fora,/ Procurar vida melhor. Já corri o mundo inteiro a trabalhar,/ Para ganhar o meu pão./ Esqueço sempre quando mudo de lugar,/ Só o meu montinho é que não. 
Moda: 
Já não oiço os passarinhos, / Já não me sento à lareira,/ Já não bebo os meus copinhos,/ Já não vou domingo à feira./Só não perco o meu cantar,/ Porque está dentro de mim,/ Não me o conseguem tirar,/ O meu montinho é assim. 

Nota: O seu ao seu dono: Esta moda é de Jota Mendes.

Agora, para ilustrar esta recordação aponho uma fotografia de um Grupo Coral da minha terra (Montoito), com que fui prendado por um conterrâneo (também amante destas coisas), José Pereira, a quem agradeço do fundo do coração. Bem haja!

Comentários

Caro Blogger, que lutemos pelo Cante Alentejano é uma coisa, que inventemos coisas é outra.Eu sou o Autor do "MEU MONTINHO" que é referido numa publicação sua, registo T-045641225-1 na Sociedade Portuguesa de Autores.
sábado, novembro 09, 2019
TRATADO DO CANTE – 09 99 Crónicas:
001 MONTOITO – O Cante!… O primeiro sentir

Atendendo a que escrevi o texto nos anos 90 fica-se com a impressão de que já existia nos anos 50 o que obviamente é falso. Também sao là mencionadas pessoas que nada teem a ver com o escrito o que leva a crer que seriam os Autores. Depois o texto està escrito mal porque uma ou outra palavra nào tem nada a ver com o original, que podem pedir a Sociedade Portuguesa de Autores ou a mim mesmo.
Desde jà grato pela revisao e correcçao do texto, atenciosamente
O AUTOR
Jorge Manuel Carraça Mendes

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