03 01 TRATADO CANTE – O Cante na Diáspora:

O Grupo Coral da Casa do Alentejo de Lisboa

O Cante Alentejano, um dos elementos mais singulares da cultura das gentes da grande província a sul do Tejo, ainda que originários das povoações mais meridionais do seu território, tinha significativo número de cultores na região da grande Lisboa, sobretudo nos concelhos limítrofes da capital, onde se haviam fixado as comunidades provenientes dos concelhos mais a sul do Alentejo.

Não obstante a pouca simpatia que o cante alentejano inspirava no poder político da época (ver artigo de António Baptista Candeias, in, Diário do Alentejo (Jornal de Beja), de 19 de Junho de 1968), era frequente, nas décadas de 1950 e 1960, nos fins de semana ou em dias festivos, em tabernas ou sociedades recreativas de certos bairros da Amadora, de Loures, de Moscavide, ou dos concelhos da margem sul do Tejo, ouvirem-se, interpretados por grupos mais ou menos numerosos, os dolentes sons dos cantares alentejanos.

(...)

Assim, em meados da década de 1950, …, surgem notícias sobre a existência de um grupo Coral que teria como patrono o Eng.º. Martins Galvão.

A ideia de criação daquele grupo terá nascido, muito provavelmente, na sequência do êxito alcançado com o festival de cantares alentejanos, realizado no Pavilhão dos Desportos em Lisboa, em 15 de Março de 1952, promovido pela Casa do Alentejo, no qual participaram dez ranchos corais vindos do Alentejo (ver O Século de 16 de Março de 1952).

A fundação do que viria a ser o Grupo Coral da Casa do Alentejo, terá acontecido pouco depois, (…)

O Grupo de Cantadores da Casa do Alentejo”, que em Maio de 1960 era constituído por 22 elementos e dirigido pelo “Sr. José Tomar” (…)

O grupo coral realizou ao longo de 1960 a 1963, vários espectáculos na sede da colectividade, com a presença de muito público, alguns dos quais foram gravados para o Rádio Clube Português. (O sublinhado é da minha responsabilidade)

(…)

O Grupo que até 1968 actuou sob a denominação de “Grupo Coral Engenheiro Martins Galvão”, parece ter sido extinto e substituído por outro então criado, como se deduz da decisão da Direcção da colectividade alentejana, de Junho daquele ano, de instituir “O Grupo Coral da Casa do Alentejo”, (…)

(…) o grupo se dissolverá após o 25 de Abril de 1974.”


in: “O Associativismo Alentejano na Cidade de Lisboa no Século XX”, de Rui Rosado Vieira. Edições Colibri e Casa do Alentejo. Ilustração da capa: Pátio Árabe, Casa do Alentejo. Foto de Jorge Cabral. Capa de Ricardo Moita. 24 de Setembro de 2005. Pág.s: 158/160.


Rui Rosado Vieira, natural de Campo Maior. Licenciado em História e Pós-graduado em História Regional e Local. É autor de perto de três dezenas de estudos.

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