TRATADO DO CANTE – Ser do Cante:
06 02 02 Gaspacho Alentejano
de „Um livro de
afetos
Poderão ser pequenas coisas aquelas sobre as quais escrevo
neste livro. As estórias que conto. As viagens, os lugares, os amigos de que
falo. Os pensamentos que penso. Os oitenta comeres que vos apresento. Contudo,
como referiu Saramago, „só se nos detivermos a pensar nas pequenas coisas chegaremos
a compreender as grandes“.
(...)“
de „Gaspacho
alentejano
Já falei do gaspacho, quando apresentei as ‚quatro comidas
limite‘, em que, do quase nada, as nossas mães ilusionam uma comida. Posso
elogiá-lo outra vez. Bem o merece. Vamos, então, à preparação do Gaspacho.
Preparação versátil, conforme os lugares, as posses e os gostos.
Base:
Alho, azeite, vinagre, água, sal, orégãos e pão alentejano;
Hortícolas:
Pimento, tomate, pepino e cebola;
Acompanhantes:
Linguiça ou paio, presunto, carapauzinhos, petinga, (azeitonas).
Pisam-se os alhos num gral de madeira ou um almofariz, com
sal grosso.
Coloca-se o piso, o azeite virgem extra, o vinagre, no fundo
de uma terrina, ou de uma tijela grande. Junta-se água muito fria, suficiente
para o caldo. Tempera-se com os oregãos e uma pitada de colorau (facultativo).
Se houver gelo podem adicionar-se alguns cubos. Juntam-se então os produtos
hortícolas, colhidos na horta (tomate maduro, pepino, pimento verde, cebola),
picados grossos ou mais miúdos, a gosto de cada um.
Se acompanhar com presunto, paio ou linguiça, cortam-se aos
bocados pequenos e juntam-se no caldo (bem como as azeitonas). Por fim, o pão
cortado em pequenos cubos.
Os carapauzinhos e a petinga frita vão à parte“ (Pág.s
115/116.
António Murteira, nasceu em 1947, em S. Manços, Évora.
Escritor, político, engenheiro técnico agrário. (...). Em 2004, a convite da
Casa do Alentejo de Lisboa, projeta e edita a Revista Alentejo, de que é diretor
executivo.
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